A morte de Valter em troca de um apartamento
A protagonista do mais bárbaro crime de Brusque nos últimos anos, que culminou com a morte do representante comercial Valter Orthmann (50), subestimou a própria ganância. Cristiane Terezinha de Oliveira (43) conviveu com Valter por 15 anos. Ele teria suportado muitas traições e separações, mas ela, ao voltar pela última vez dos braços do amante Clodoaldo Soares (42), pensou apenas em ficar com o patrimônio do marido.
Ele, apaixonado pela mulher, não imaginava a trama que estava sendo armada. A esposa, que tinha tanto conforto, bom ambiente social, carro e apartamentos na praia e na cidade, com a morte do marido queria ficar com tudo, mais o amante e o dinheiro de dois seguros de vida.
Clodoaldo, tido pela polícia como um bandido perigoso, e seu comparsa, Zeclir Liberatto (43), um foragido da Justiça, acertaram o preço para resolver o problema de Cristiane: o apartamento da família na praia. Um mês antes da execução de Valter, ela se encontrou com o amante em uma pousada no litoral norte e entregou a chave do prédio onde a família reside em Brusque. Assim, foi aberta a porta para a morte de Valter.
Na manhã do dia primeiro de outubro, conforme acertado em muitas ligações telefônicas entre Cristiane e os matadores, o plano foi executado. Valter foi rendido por Clodoaldo e Zeclir quando se preparava para sair da garagem do prédio onde morava, para ir a uma reunião de trabalho em São João Batista.
O trajeto, assim como os envolvidos, as ligações telefônicas e o fim de Valter, a polícia já sabia antes das prisões. Faltavam alguns detalhes, que hoje (15) foram esclarecidos com o depoimento de Edson Luiz Rocha, irmão de Cristiane, e da mulher dele, Josiane M. Schuttel. Valter foi executado com dois tiros no local onde o corpo foi encontrado, às margens da BR-280, em Araquari.
Depois da prisão na manhã de ontem de sete dos envolvidos, os delegados e investigadores que trabalharam no caso, encerraram o inquérito. Os delegados Rodrigo Bueno Gusso, da Central de Polícia de Joinville, Alonso Torres, de Brusque e Eliéser Bertinotti, de Araquari, concluíram que para a esposa Cristiane a vida do marido, Valter, valia apenas um apartamento na praia.
Parte dos integrantes da quadrilha presa ontem, tem envolvimento com outros crimes praticados por Clodoaldo e Zeclir. Entre eles a o assassinato de dois jovens, uma semana antes de executarem Valter, além de outros seis homicídios. Cristiane e o amante Clodoaldo não foram localizados. Eles estão com prisão preventiva decretada pela Justiça. Foram indiciados por homicídio e são considerados fugitivos da Justiça.
Em Brusque, Cristiane deixou um travesti em companhia filha de 15 anos no apartamento da família. Depois de ouvido ainda na manhã desta segunda-feira (15) na DP de Brusque, o travesti foi liberado.



